O Prêmio Design Museu da Casa Brasileira vem sendo realizado desde 1986 com objetivo de reconhecer e valorizar o design brasileiro. O Prêmio é dividido em dois momentos principais: o Concurso do Cartaz e a Premiação de Produtos e Trabalhos Escritos. As produções são analisadas por cerca de 100 jurados, divididos entre três comissões julgadoras independentes (Cartazes, Produtos, Trabalhos Escritos) que premiam e selecionam os destaques da edição.
A 36ª edição será realizada por meio da parceria entre a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo (SCEIC-SP) e a Associação Pinacoteca Arte e Cultura – APAC. Foi criado um Comitê do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, formado por docentes, profissionais e pesquisadores qualificados do design de diversas localidades do país, além de representantes da SCEIC-SP e da APAC, que tem contribuído para as reflexões sobre as atualizações necessárias na premiação.
O Comitê do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira é composto por 9 membros que atuam para promover reflexões, a partir de um olhar cuidadoso para o legado construído ao longo de 35 edições e atento às tendências do segmento, e que será responsável por promover as atualizações necessárias para manter o prêmio relevante e representativo. Participam da comissão:

Membros do Comitê do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira
Ana Brum: Designer de Produto pela PUC/PR, Mestre em Desenvolvimento e Organizações pela FAE, Especialista em Engenharia de Produto e Design e em Ensino Superior pela PUC/PR, doutora em design pela UFPR. É diretora técnica no Centro Brasil Design.
Gustavo Greco: Fundador e diretor de criação da GRECO, uma das empresas de design mais premiadas do Brasil. Membro do Conselho da ABEDESIGN, que presidiu entre 2019 e 2021, professor da Pós-Graduação em Gestão de Marcas do IEC–PUC Minas. É curador, palestrante e jurado no Brasil e em eventos internacionais;
Jochen Volz: Diretor Geral da Pinacoteca de São Paulo. É Mestre em história de arte, comunicação e pedagogia pela Humboldt Universidade de Berlin. Foi curador do Pavilhão do Brasil na 53ª Biennale di Venezia em 2017, curador da 32ª Bienal de São Paulo em 2016. Foi coordenador de programação da Serpentine Galleries em Londres, de 2012 a 2015, Diretor Artístico do Instituto Inhotim, Minas Gerais, de 2005 a 2012, e curador do Portikus, em Frankfurt, Alemanha, de 2001 a 2004;
Leonardo Buggy: Mestre em Design pela UFPE e especialista em Gestão pela Fundação Dom Cabral. É designer, curador e professor da UFC. Fundador da primeira digital type foundrie nordestina (a Tipos do aCASO), criou importantes espaços de formação e produção tipográfica no país, como o Laboratório de Impressos em Olinda-PE, o Laboratório de Tipografia do Agreste em Caruaru-PE, o Ateliê de Impressos e o Laboratório de Tipografia do Ceará, ambos em Fortaleza-CE.
Levi Girardi: Designer e CEO da QNCO, ecossistema de empresas de design da qual fazem parte Questtonó, Colírio Design e Nau Venture Design Studio. Já teve mais de 200 prêmios de design e inovação como RedDot, Good Design, Cannes Lions, World Changing Ideas da Fast Company e já participou de júris em diversos países, como o iF Design na Alemanha, Brasil Design Awards e Prêmio Design Museu da Casa Brasileira.
Luana Gonçalves Viera da Silva: Mestre em museologia pela USP, pós-graduada em Comunicação e Marketing. Docente da graduação em Museologia e de pós-graduação em Museografia e Patrimônio Cultural, do Claretiano Centro Universitário. Atua na diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo;
Marcos da Costa Braga: Bacharel em Desenho Industrial pela UFRJ, doutor em História Social pela UFF, Pesquisador do Programa de Pós-graduação em Design da FAU USP e do grupo de pesquisa História, Teoria e Linguagens do Design do LabVisual/FAU USP. Foi coordenador das Comissões julgadoras dos Trabalhos Escritos Publicados/não Publicados do 27º e 28º Prêmio Design MCB.
Teresa Maria Riccetti: Bacharel em Desenho Industrial pela FAAP, Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela FAU USP, Doutora em Ciências pela UNIFESP, docente e pesquisadora do Curso Design do Mackenzie. Foi coordenadora das Comissões julgadoras dos Trabalhos Escritos Publicados/não Publicados do 33º e 34º Prêmio Design MCB.
Vilma Vilarinho: Formada em Tecnologia e Mídias Digitais pela PUC-SP, Mestre em Design e Tecnologia no SENAC e Doutora em Sistemas Complexos pela USP. É docente de Pesquisa e Design de Serviços na ESPM-SP e Especialista em Pesquisa no Grupo Boticário.
CARTA ABERTA
Reflexões para o 36º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira
NOSSA CASA É O BRASIL
O Prêmio Design Museu da Casa Brasileira está de volta. Retornamos atentos às transformações do morar no Brasil: permanências, mudanças e desdobramentos.
Podemos viver em muitos lugares, mas moramos em poucos — apenas naqueles que reconhecemos como nossos. A casa, mais do que abrigo, é uma manifestação social, repleta de significados que se atualizam com o tempo. Morar é verbo que não exige complemento, mas pede contexto: é gesto cotidiano, escolha (quando possível) e também condição imposta, resistência silenciosa, desejo urgente.
Os diferentes jeitos de habitar revelam diferentes formas de viver e de conviver. Os muitos movimentos na paisagem doméstica — apoiar, descansar, organizar, guardar, iluminar, cozinhar, comer, dormir, estar, trabalhar, estudar, limpar — expressam práticas sociais e valores que moldam nossa experiência no mundo. A essa lista, hoje, somam-se novas interações, como conectar, monitorar e automatizar. Elas surgem na forma de objetos e interfaces digitais que refletem a busca por praticidade, conforto e personalização. É em tudo isso que se enraíza o morar brasileiro.
Mas a casa brasileira é uma só? Quantas moradas cabem num mesmo Brasil? Somos um mesmo Brasil? Sala, quarto, banheiro, cozinha, terreiro, quintal, varanda, laje, home theater, jardim, porão, alpendre, escritório, rede, esteira, adega e muito mais. Tudo cabe na casa brasileira. De norte a sul, esses espaços ganham vida quando abrigam o cotidiano da nossa gente. Escolhas e circunstâncias trazem objetos, cores, texturas, sabores, cheiros e emoções que nos ajudam a traçar um modo de vida plural, complexo e em constante mutação.
E se toda essa diversidade revela a riqueza do morar no Brasil, também nos lembra de suas contradições. O Museu da Casa Brasileira vive, hoje, uma nova fase. Desde abril de 2023, estamos em busca de uma nova casa. Essa experiência tem se revelado como uma oportunidade instigante para reafirmar nosso compromisso: salvaguardar a arquitetura, o design e os costumes das casas do povo brasileiro, e sobretudo sua memória. Memória bem representada pelo importante acervo do Museu, cuja salvaguarda está garantida.
A casa brasileira não pode mais ser pensada a partir de um modelo único, elitizado ou importado. Ações como descansar, guardar, apoiar, iluminar — ações conjugadas em diferentes contextos e etapas da vida, abraçadas pela edição deste ano de nosso prêmio — serão apenas o início de uma longa caminhada na busca por outras ações igualmente expressivas que nos ajudarão a compreender melhor o morar.
É nossa responsabilidade, mais do que nunca, buscar representar a diversidade de regiões, classes sociais, crenças, cores, corpos e gêneros que existem no morar de todas as casas. Mas isso só será possível com a força de todas as pessoas que compõem nossa grande família. Com a mobilização de profissionais, estudantes, professores, pesquisadores e entusiastas do design e da arquitetura, vamos construir um museu mais crítico, mais inclusivo, mais próximo da realidade e da sensibilidade do povo brasileiro.
Afinal, objetos são vetores de memória, testemunhos de práticas e modos de vida. Suas formas, materiais e processos de fabricação revelam a organização, o funcionamento e a transformação de uma sociedade. O design e a arquitetura, nesse contexto, tornam-se instrumentos para iluminar essas narrativas. Por isso, esta retomada do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira é também um chamamento à ação: um convite à crítica, à escuta e à experimentação; um impulso à produção de conhecimento que também reconhece a potência dos fazeres tradicionais, das soluções alternativas, dos territórios periféricos, das casas invisibilizadas. O concurso de cartazes da edição 2025 do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira trabalhou essas ações como tema, acolhendo propostas que representam a retomada do prêmio e refletem sobre a ideia do morar brasileiro hoje.
Da mesma forma, a premiação de produtos busca impulsionar às reflexões lançadas sobre as transformações do morar. As categorias foram reorganizadas a partir dos verbos: Construir, Cuidar, Descansar, Estar, Iluminar, Guardar e Preparar. Nosso prêmio se renova para premiar a ação, para valorizar os pensamentos por trás das peças, para acolher os cartazes, os móveis, os objetos e os equipamentos que expressam, em sua materialidade, o modo como vivemos, resistimos e sonhamos nossas casas. Design é morada. Arquitetura é afeto. Morar é verbo. Estamos de volta.
Comitê do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira
Outubro de 2025
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